Por que sua encomenda foi retida na alfândega?
O processo de importação envolve três pilares: declaração correta, documentação adequada e conformidade com normas. Quando um desses pilares falha, a encomenda pode ser retida para verificação. Na prática, as principais causas são:
- Valor declarado divergente — ocorrência comum em compras internacionais: declaração inferior ao real ou sem nota fiscal.
- Falta de documentação — nota comercial, invoice, CPF/CNPJ do destinatário ou procuração quando aplicável.
- Produtos restritos ou proibidos — alimentos, medicamentos, baterias perigosas, equipamentos radioelétricos sem homologação, entre outros.
- Tributação e taxas não pagas — impostos de importação e taxas administrativas do operador logístico.
- Sinais de fraude ou suspeita — embalagens adulteradas, remetente não confiável ou divergências nas declarações.
Primeiros passos assim que ver a mensagem de "Retido na Alfândega"
- Verifique a origem da informação: consulte o rastreamento oficial da transportadora e o código de despacho aduaneiro.
- Reúna documentos: invoice, comprovante de pagamento, documentos pessoais (CPF/CNPJ), e prova de compra.
- Contato com a transportadora: solicite identificação do motivo e peça orientações sobre documentação necessária.
- Aja rápido: quanto antes apresentar documentos, menor a chance de inspeção física e maiores as chances de liberação ágil.
Documentos comumente exigidos
- Nota fiscal ou invoice do vendedor (com descrição detalhada do produto e valor unitário).
- Comprovante de pagamento (fatura do cartão, PayPal, transferência).
- CPF (pessoa física) ou CNPJ e contrato social (pessoa jurídica) quando aplicável.
- Procuração (quando um terceiro estiver regularizando a encomenda).
Tributos e custos: o que esperar
Na importação internacional de pessoa física para pessoa física ou pessoa jurídica, podem incidir:
- Imposto de Importação (II): aplicável conforme a natureza do produto;
- IPI, PIS/COFINS e ICMS: dependendo da legislação estadual e da classificação fiscal do produto;
- Taxas administrativas da transportadora: custos de desembaraço, armazenagem e emissão de documentos.
Importante: o imposto não é arbitrário — ele depende da NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul) e da classificação fiscal. Consulte um despachante aduaneiro quando houver dúvida sobre a natureza tributária.
Como negociar com a transportadora e com a Receita
Comunicação clara e documentação correta são a base. Sugestões práticas:
- Peça número do processo aduaneiro e protocolo;
- Solicite por escrito (e-mail) a relação exata de documentos necessários;
- Se a transportadora cobrar taxa de "desembaraço", peça discriminação dos valores;
- Quando necessário, envolva um despachante aduaneiro — em muitos casos a contratação reduz tempo e risco de erro.
Modelos de mensagem para solicitar informações
Use mensagens curtas, objetivas e com pedido de protocolo. Exemplo pronto:
Prezados, Meu nome é [NOME], CPF/CNPJ: [CPF/CNPJ]. Rastreamento: [CÓDIGO]. Recebi informação de retenção em aduana. Solicito, por gentileza, a descrição detalhada do motivo da retenção e a lista dos documentos necessários para o desalfandegamento, assim como o número do processo/protocolo. Atenciosamente, [NOME] - [TELEFONE]
Quando contratar um despachante?
Contrate um despachante quando:
- Houver complexidade documental ou alto valor da mercadoria;
- Existir necessidade de recorrer administrativamente;
- Você preferir delegar todo o processo por segurança e agilidade.
Prevenção: passos simples para evitar retenções futuras
- Exija invoice detalhada do vendedor;
- Use descrição clara e correta do produto (evite termos genéricos);
- Informe CPF/CNPJ corretamente no momento da compra;
- Verifique restrições do produto antes da compra (ANVISA, ANATEL, MAPA etc.).
Checklist rápido para envio ao destinatário
- Invoice e comprovante de pagamento digitalizados;
- CPF/CNPJ do destinatário;
- Procuração assinada se alguém for retirar em seu nome;
- Comprovante de endereço atualizado;
- Contato com a transportadora registrado (e-mails/protocolos salvos).
Aspectos legais e recursos
Se houver erro administrativo ou cobrança indevida, é possível abrir recurso administrativo junto à autoridade aduaneira. Em paralelo, documente tudo e, se necessário, procure auxílio jurídico especializado em direito aduaneiro e do consumidor.
Resumo prático
1) Identifique o motivo; 2) Reúna documentos; 3) Contate a transportadora pedindo protocolo; 4) Apresente documentos rapidamente; 5) Considere despachante se houver complexidade. Seguir esse fluxo reduz tempo e custos.
Perguntas frequentes
R: Depende do motivo e da fila de fiscalização — de uma semana a mais de 30 dias em casos de fiscalização aprofundada.
R: Sim. Em alguns casos a devolução evita cobrança e pode ser a solução mais rápida; confirme custos com a transportadora.